Funcionamento da ansiedade

Para falarmos desse funcionamento a primeira premissa é que a ansiedade é uma reação emocional natural e fica problemática quando está desregulada, ficando ou com muita frequência ou intensidade e até ambos. Desse modo, o sofrimento causado por ela segue um modelo de regras e elas existem devido a todo histórico evolucionista do ser humano. São elas:

Identificação de perigos

Imagine que esse funcionamento é uma sequência e estamos falando da primeira etapa. Podemos apelidar essa etapa de “Paranóia” e ela ocorre antes de um pico de ansiedade. Sendo assim, essa primeira fase consiste na identificação de riscos, perigos, ou simplesmente “coisas ruins que podem acontecer comigo”. Por isso, o apelido “paranóia”, é como se você estivesse mapeando cada coisa negativa que pode ocorrer contigo, inclusive as menos prováveis e até acontecimentos que nunca vão acontecer ou nunca ocorreram. Portanto, nesse estágio você criou seu mapa de riscos, eles sendo reais e prováveis ou não.

Exemplo: se você tem medo ou fica muito ansioso em situações sociais, você será muito bom em ver riscos nessas situações, inclusive vendo sinais de risco onde não teria.

Catastrofização

Seguindo a sequência, vem a catastrofização. Que é uma das distorções cognitivas, nesse fenômeno, nossa mente se apropria de algum risco e passa a vê-lo como algo que ocorrerá com certeza e de maneira aumentada. Ou seja, na catastrofização as consequências de algo tornam-se maiores do que normalmente seria.

Exemplo: digamos que você vai apresentar um trabalho na escola ou na faculdade, e você se sente muito ansioso por isso, daí vem pensamentos como: “vou falar tudo errado”, “vou passar vergonha”, “eu sou burro”, entre outros.

Porém, é natural ficar ansioso em situações como essas e quase todo mundo da sua turma também estará passando pela mesma coisa. E alguns erros não tornará a sua apresentação nem perto do que você achou que seria.

Você se preparando para apresentação e fazendo-a, talvez ao final você chegue a conclusão que não foi tão ruim, ou até que você bem.

As coisas nem sempre acontecem como a nossa cabeça ficou nos dizendo.

Controle

A terceira sequência se refere ao controle. Sempre que sentimos uma emoção negativa tentamos automaticamente controla-la. Ou seja, livrar-se dela. Não é diferente com relação a ansiedade, é bastante incomodo se sentir assim, principalmente nos níveis de maior intensidade.

Então após ter a sua paranóia e catastrofização, você tentar controlar o que pode acontecer para controlar como esta se sentindo. Porém, somos paradoxais, apesar do controle trazer mais conforto, ele é responsável também por mais paranoias, mais catastrofização e consequentemente mais ansiedade.

Exemplo: voltando a situação da apresentação, uma tentativa de controle comum chama-se super preparação. Então, quando você tem um trabalho, fica infinitamente estudando e repetindo palavras de forma extremamente exagerada. Nesse momento, você estará tentando controlar mais a situação mas ficará mais ansioso. E você deve se preparar, mas aqui me refiro a um grande exagero.

Fuja!

E chegamos na última sequência, a fuga. Após os passos anteriores, sua ansiedade estando muito alta, logo pensará a fugir, ou não ir. E essa é a estratégia mais problemática que existe. Cada vez que você foge, você deixa de mostrar para sua mente que ela estava errada e isso vai intensificar sua ansiedade.

Exemplo: mesma situação da apresentação, as suas tentativas de controle não deram conta da sua ansiedade, logo você faltou no dia da apresentação. Nessa estratégia você não se permitiu melhorar, treinar sua apresentação e nem confrontou seus pensamentos que provavelmente estavam catastrofizados.

Agora imagine, o mesmo padrão, as mesmas regras, a pessoa funcionando durante anos da mesma maneira. É assim que a ansiedade vai tomando conta, chegando a problemas mais complexos, como a fobia social por exemplo.

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